Em visita a obra do BRT Transbrasil, Paes diz que transportes vão melhorar com a retirada dos antigos empresários de ônibus do sistema; Companhias rebatem
Gestão municipal e viações estão em queda de braço; terminal Deodoro fará integração com corredor TransOlímpica
ADAMO BAZANI
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, visitou neste sábado, 05 de março de 2022, as obras do terminal Deodoro do BRT Transbrasil, que promete ser o maior corredor de ônibus rápidos do Rio de Janeiro em termos de demanda.
As obras começaram em 2013 e deveriam ter sido concluídas entre 2017 e 2018, mas houve vários adiamentos e problemas relacionados a verbas e contratos.
Na agenda, Paes voltou a falar dos planos de concessão do sistema de BRTs do Rio de Janeiro, hoje operado pela prefeitura.
Eduardo Paes destacou, segundo nota do poder público, que a retirada dos antigos empresários de ônibus do sistema é uma das ações para melhorar os serviços.
“A obra desse terminal é um bom sinal de que finalmente caminhamos para a reta final da Transbrasil. Ela deveria ter ficado pronta em 2018, nunca foi uma promessa olímpica, mas tem um atraso de pelo menos quatro anos na conclusão, e a gente agora acelerou, desde o ano passado. Vamos ter o modelo pensado lá atrás para os BRTs totalmente implantado, e aí é fazer funcionar direito. A chegada dos ônibus que estamos comprando mais a retirada dos antigos operadores do sistema, com a prefeitura assumindo a gestão num primeiro momento, vai permitir que as pessoas possam ter uma realidade bem diferente na mobilidade da cidade. Isso não é para agora, mas aos poucos vamos começar a perceber as melhorias” – disse Eduardo Paes.
Como mostrou o Diário do Transporte, mais uma vez prefeitura e empresas de ônibus estão em queda de braço.
Na semana passada, consórcios que foram descredenciados do BRT-Rio conseguiram na Justiça ter os contratos revalidados, mas a prefeitura reverteu judicialmente a decisão.
Relembre:
As empresas operadoras das linhas comuns, que são dos mesmos donos que operavam o BRT, reclamam de falta de diálogo por parte da prefeitura, do congelamento há mais de três anos das tarifas, da falta de subsídios e do não combate intensivo ao transporte clandestino.
Por meio de nota, o Rio Ônibus, que representa as empresas, rebateu as declarações e disse que quando o sistema de BRT era operado pelas companhias e os contratos eram respeitados, o serviço foi o principal meio de transporte da cidade.
Mais uma vez, o prefeito do Rio tenta desviar a atenção da população carioca atribuindo aos empresários do setor a responsabilidade pelos problemas hoje enfrentados pelo BRT, que está há um ano exclusivamente sob sua gestão.
É importante lembrar que o BRT, quando operado por gestores profissionais e tendo o contrato respeitado pela Prefeitura – o que não tem ocorrido nos últimos cinco anos – foi o principal meio de transporte da Cidade do Rio ao longo de grandes eventos, como Olimpíadas, Copa do Mundo, Rock in Rio, entre outros.
Vale destacar que o BRT, à época sob administração de empresários do setor, foi reconhecido por sua eficiência pelo próprio prefeito e elogiado pela imprensa nacional e internacional.
TERMINAL VAI INTEGRAR CORREDORES:
Na visita às obras, a subsecretária Municipal de Infraestrutura, Jessick Trairi, disse que o terminal Deodoro vai integrar dois corredores de ônibus.
“Esse terminal é importante porque ele faz a integração da Transbrasil com a Transolímpica. O tempo de permanência dos cariocas nos ônibus vai diminuir com as pistas exclusivas”.
Já a secretária Municipal de Transportes, Maína Celidonio, falou que o BRT Transbrasil vai diminuir pela metade o tempo de deslocamento dos passageiros.
“Com a conclusão do corredor Transbrasil, a estimativa é de redução de 50% no tempo de deslocamento. É uma grande melhoria na qualidade de vida de quem está indo e vindo do trabalho. A gente sabe que a obra causa transtorno à população, mas vai trazer muito benefício para o transporte não só da cidade, mas de toda a Região Metropolitana”
O BRT Transbrasil deve ligar a Rodoviária do Rio de Janeiro e Deodoro.
As intervenções ao longo do BRT contemplam ainda a conclusão de 21 passarelas definitivas, a construção de três terminais (Margaridas e Missões, além do Deodoro) e dos viadutos desses terminais, além do alargamento dos viadutos sobre a Estrada João Paulo, o metrô de Coelho Neto e a linha férrea em Guadalupe.
Ainda na nota, a prefeitura detalha o andamento das obras atualmente:
Atualmente, as equipes que atuam no Terminal de Deodoro executam os blocos de fundação. Mantendo o ritmo acelerado dos trabalhos, já estão prontas as lajes pré-fabricadas da parte considerada de superestrutura da obra. No dia 25 de fevereiro, as equipes demoliram a antiga passarela que ligava a estação da Supervia ao Parque da Vizinhança e ao bairro de Deodoro. Os pedestres agora são conduzidos à Estrada do Camboatá.
No terminal Margaridas, no acesso à Via Dutra, as obras já estão em estágio avançado e os operários finalizaram o pavimento rígido, a plataforma e a drenagem. No momento, os trabalhos ocorrem no viaduto que dará acesso ao terminal, com os lançamentos das vigas e a execução das lajes.
Construções de estações e passarelas estão avançadas
Das 18 estações a serem construídas, 15 estão com a estrutura de concreto finalizada, faltando a complementação metálica, já em andamento. As outras três estão sendo erguidas.
Das passarelas que interligam as estações, 14 estão prontas e sendo utilizadas pela população. Outras sete estão em processo de construção e duas provisórias foram erguidas para uso temporário. Elas serão substituídas por estruturas novas, entregues até o fim das obras.
No trecho do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Caju, estão sendo finalizadas as obras de drenagem. Nos bairros de Coelho Neto e Barros Filho, as equipes seguem fazendo o alargamento de vias laterais e dos viadutos de Coelho Neto e João Paulo.
Entre Barros Filho e Deodoro estão sendo executados alargamentos de vias que vão possibilitar a construção das plataformas das estações de Irajá, Guadalupe e Barros Filho. No Camboatá é realizada a fundação do viaduto que possibilitará o acesso dos ônibus do BRT à Estrada do Camboatá. No local teve início a obra do sistema de drenagem pluvial.
Números
Ao todo, na obra do BRT Transbrasil já foram usadas 3 mil toneladas de asfalto e executados 1.200 metros quadrados de pavimento rígido, 6.400 metros cúbicos de troca de solo (preparação para o asfalto) e 6 mil metros cúbicos de escavação.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transporte
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