Justiça determina suspensão de greve de ônibus do Rio de Janeiro; prefeitura aciona plano de emergência
Categoria, em assembleia, decretou paralisação para esta terça-feira (29); em caso de descumprimento, multa pode ser de R$ 200 mil a sindicato dos trabalhadores
ADAMO BAZANI
A presidente do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região (TRT – Rio de Janeiro), desembargadora Edith Maria Correa Tourinho, atendeu ao Rio Ônibus, sindicato que reúne as empresas de transportes municipais, e determinou a suspensão da greve de ônibus decretada pelos trabalhadores para esta terça-feira, 29 de março de 2022.
A decisão pela greve foi tomada em assembleia na noite desta segunda-feira (28).
A magistrada determinou, além da suspensão da greve, multa diária de R$ 200 mil contra o Sindicato dos Rodoviários em caso de descumprimento.
Também foi determinada uma audiência de conciliação para a próxima segunda-feira, 04 de abril de 2022.
Nas primeiras horas desta terça-feira, ônibus circulavam no Rio de Janeiro, mas segundo os passageiros, em quantidade menor que o normal.
O BRT também é atingido.
A prefeitura informou plano de emergência
A Prefeitura do Rio informa que os serviços de ônibus convencionais na cidade estão operando. Durante a madrugada houve dificuldade para iniciar a operação, mas a prestação do serviço dos ônibus está sendo regularizada. A prefeitura orienta a quem precisa trabalhar presencialmente que utilize o Metrô, Barcas, Supervia e VLT. Abaixo, o plano de contingência.
Plano de contingência:
Reforço na operação dos modais
VLT: extensão do horário de pico de acordo com a demanda, garantindo 7 minutos de intervalo nas 3 linhas.
Metrô: oferta extra nos horários de entrepico conforme necessidade, podendo também estender os horários de pico nos trens e Metrô na Superfície.
Supervia: oferta de trens reservas posicionados no Ramal Santa Cruz e Gramacho. Caso a demanda de passageiros tenha acréscimo, os mesmos serão adicionados à operação, podendo antecipar a operação do pico vespertino.
Barcas: Uso de embarcações maiores na ligação Cocotá – Praça XV. Os horários das linhas, exceto Cocotá e Paquetá, foram retomados de acordo com os intervalos pré-pandemia.
Intermunicipais: Reforço de linhas que passam no município.
Ações complementares
As vans e os “cabritinhos” – veículos que circulam em comunidades – estão autorizados a desviar o itinerário para atender estações de trem, metrô e BRT nas áreas de planejamento das respectivas linhas e uso das faixas de BRS.
A CET-Rio monitora pontos críticos quanto a eventuais impactos na circulação para ações de operação de tráfego com objetivo otimizar a fluidez do trânsito principalmente nos arredores dos terminais Alvorada, Recreio, Fundão, Jardim Oceânico, Central do Brasil e Mato Alto.
Os rodoviários dizem que estão sem reajuste salarial há três anos e ainda alegam que os valores dos benefícios precisam ser atualizados.
As viações, por sua vez, informam que há três anos estão sem reajuste tarifário, não há subsídios para o sistema e que a prefeitura não faz o combate ao transporte clandestino que impacto no equilíbrio econômico dos serviços.
De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, em mais uma tentativa de conciliação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) nesta segunda-feira (28), as empresas de ônibus não ofereceram proposta e ainda pediram a suspensão do estado de greve por 70 dias.
O MPT (Ministério Público do Trabalho) entendeu que este prazo de 70 dias é longo demais, mas pediu aos rodoviários para aguardarem até a próxima segunda-feira, 04 de abril de 2022, para ver se as negociações avançam.
Mas na assembleia, a categoria decidiu decretar a greve.
Em nota, o Rio Ônibus, sindicato que reúne as empresas, diz repudiar o movimento e que eventuais aumentos, neste momento, não dependem apenas das companhias de transporte
O Rio Ônibus repudia a ação do movimento grevista, que prejudicará toda a sociedade carioca e cuja realização foi proibida por meio de liminar judicial concedida ao Rio Ônibus no fim da noite de ontem.
A decisão da Justiça estipula multa diária de R$ 200 mil ao Sindicato dos Rodoviários em caso de descumprimento da decisão, assinada pela desembargadora Edith Maria Correa Tourinho,
presidente do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região.
O movimento não resolverá o problema da classe, e vai agravar a atual crise de mobilidade na cidade do Rio. Mesmo em meio às dificuldades financeiras já conhecidas pela população, as empresas têm priorizado o pagamento dos rodoviários e a manutenção de seus empregos.
O reajuste de salários depende de ações externas, já que três dos quatro consórcios se encontram em recuperação judicial.
O Rio Ônibus apela para que os profissionais não façam adesão à paralisação e assumam seus postos de trabalho, atendendo a população até que haja resultados dos diálogos mantidos com a Prefeitura na busca por soluções para o setor.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transporte
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